Vivendo e aprendendo: Era uma vez “a Maison de La Radio”….

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Rio Sena, Paris
Eu achava que o Reali Júnior trabalhava aqui….Foto: Moyan Brenn, Flickr

Tinha o costume, durante minha infância e adolescência,de acordar bem cedo, para ir a escola, e da hora do café da manhã até o percurso ao colégio, ir escutando a radio Jovem Pam.

Pelo menos durante 1h do meu dia, devido aos meus pais, da cozinha de casa até no carro, eu escutava o programa Jornal da Manhã, com as notícias do dia, embrenhadas das musicas da radio (vocês acham que o nome Vambora, vem da onde?! 😉 ), da repetição do horário pelos locutores (“Em São Paulo, 6h27…repita… 6h27”) e pelos bordões dos comentaristas.

Nesse caminho matinal, quase sempre frio e quieto, pelo horário tão cedo, existia um certo momento em que eu viajava sem bilhete e saia um pouco daquela rotina: era quando o jornalista Reali Júnior entrava no ar com a seguinte frase:

Neste momento, às margens do Rio Sena, junto a Maison de la Radio, os termômetros marcam….”

Nessa hora minha cabeça viajava para Paris e eu visualizava uma pessoa, numa mesa, junto ao rio sena, falando ao microfone. Para mim esse era o local de trabalho do repórter Reali Júnior, o correspondente da Jovem Pam na Europa.

Mal sabia eu que a Maison de La Radio era o edifício sede da rádio francesa, onde o jornalista entrava no ar para fazer as transmissões, e não literalmente uma MESA às margens do rio sena….

Maison de la Radio, Paris
A verdadeira Maison de la Radio. Foto: divulgação

Engraçado lembrar também que na hora que ele dizia a temperatura em Paris eu ficava super mexida: como assim ”em Paris 5 graus”….e eu em São Paulo sofrendo com uns 28° as 7h da manhã? Ou ao contrario…”em Paris 30°”, e eu no caminho da escola, toda encapotada, com os 10° do inverno paulistano…crianças…tcs,tcs.. 🙂

Na verdade, acho que depois dessa frase, eu tão pequena, nem escutava ou entendia direito as notícias européias que vinham a seguir, mas continuava a imaginar como estaria Paris naquela manhã….A luz do sol brilhando no rio, os barquinhos passando pelo sena….

Foram pelo menos uns 10 anos da minha vida escutando o Reali Júnior, mas ele trabalhou na rádio por pelo menos 30. Trabalhou em diversos meios de comunicação e saiu do Brasil para morar em Paris, durante a Ditadura Militar e por lá ficou.

Fazia algum tempo que, apos um transplante de fígado, as participações do jornalista não eram mais tão freqüentes, até que hoje, dia 9 de Abril de 2011, ele faleceu em São Paulo, com 71 anos.

Não era ninguém da minha família, mas ao escutar os colegas e amigos, tão emocionados falando sobre ele, e sua influência no jornalismo e na vida deles, que acabei ficando também bem mexida. O momento maior foi quando, um dos chefes e amigos de Reali na Jovem Pam, disse mais ou menos essas palavras: “fui sempre um cara reservado, que não gostava de viajar, mas nas pouquíssimas vezes que sai do Brasil, foi para ir para Paris, visitar o Reali, que me mostrou porque gostava tanto daquela cidade”. Realmente, não fui só eu que viajei para Paris com o Reali…

margens do rio sena
As margens do rio sena….Foto: Fun with Frenchie, Flickr

Saber e escutar o quanto ele ajudou e influenciou as pessoas, não só no trabalho, mas na vida, com seus amigos e família mostra o quanto a sua existência foi importante. Acredito, realmente, que quando isso acontece, o quão boa e grande é a sua marca nas pessoas ao seu redor, é que a sua vida valeu a pena e foi bem vivida e aproveitada. A saudade fica, mas o seu legado também, e isso é o que no fim importa.

Acho que depois disso, já está chegando na minha hora de arranjar um voo para Paris e voltar para “as margens do Rio Sena, junto a Maison de La Radio” onde o Reali Júnior me levou para Paris pela primeira vez… Vambora?

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27 COMENTÁRIOS

  1. Sensacional seu comentário..
    Pensava a mesma coisa .. referente.. nas margens do SENA junto a “MESO DE LA RADIO” para mim era assim.. rss…
    Belo comentário!

  2. Belo texto.
    O rádio, mais que qualquer outro meio de comunicação, nos acompanha em qualquer lugar.
    Quantos momentos passamos ouvindo grandes jornalistas, não é? Pessoas que não conhecemos mas que estão todos os dias ao nosso lado.
    E quando eles param de falar, quando não fazem mais parte dos nossos dias…aí…bate uma saudade…de doer o coração

  3. Adorei o post. Minha infância é sinônimo de ir para a casa dos meus avós em SP (sou paulista, mas vim pequena para Vitória) e acordar cedo, naquele friiio, ouvindo Vambora, Vambora…muitas lembranças….abraços

  4. Lindo, lindo, lindo… sem palavras, pois já disse o que está e estará sempre nos nossos corações. Seu relato é o mesmo que vivi..lembro de perguntar ao meu pai, equanto me arrumava para ir à escola o que era “Maison de la Radio”.. Parabéns!

    • Fernando e Raquel é muito legal ver como o Reali e a Jovem Pam fez parte da vida e infância de tanta gente. O Vambora Vambora e a “Maison de la Radio” são inesquecíveis mesmo! Que o post tenha ajudado todo mundo a lembrar um pouco disso e do trabalho tão legal do Reali.

  5. Olá!
    Li esse post já faz algum tempo e gostei muito.
    Agora eu estava no youtube e encontrei uma entrevista na qual o Reali fala que na verdade ele falava “Junto a Maison da la Radio” para localizar geograficamente o ouvinte, mas na realidade ele estava próximo à Maison e não na Maison.
    Vale a pena ver: http://www.youtube.com/watch?v=NurcIWEy9a4

  6. Acabo de achar ao acaso esse blog e li o texto, porque estou escrevendo para uma amiga que embarca daqui a pouco para a França e eu lhe escrevo dizendo que quero que ela me ligue dizendo que estava, às margens do Sena…(vim pesquisar como escreveria). É isso ai, não sabia que ele faleceu, mas hoje, depois de mais de 20 anos que não ouço ele na Pan, e olha que ouvi por muitos anos também, continuo usando a frase dele, quando vou brincar com meus amigos e filhos, para dizer onde estou. Confesso que engoli em seco quando li o final do texto, sobre sua morte, parece que perdi um amigo, que nunca vi. Valeu. Grato.

  7. Guta
    Fiquei muito feliz ao encontrar seu blog. Tudo que vc comenta eu tambem já senti e olha que eu ouço a JP desde que era a Panamericana, em 1962 eu morava em Paranapiacaba, alto da serra e depois para Santo Andre´de manhã era JP direto, por causa de ,eu pai, cresci casei, divorciei e continuava a escutar o Jornal da Manhã e seus Vambora, Vambora e “repita”. Porem o momento mais esperado era a vinheta com a La Marselheise anunciando a presença de incomparavel Realy Jr e a gente falava suas palavras “…junto a Maison de La Radio..” e viajando, imaginando o que seria a tal “Maison..” tentando adivinhar quantos graus estaria antes que ele falasse..Realmente a gente viajava em suas palavras e de fato as vezes a noticia que ele dava nem era captada, só pegava fragmentos da mesma. A vinheta, o anuncio e a sua voz encantavam nosso mundo ainda inocente da infancia, depois na adolescencia e agora fica a saudade…Felicidades a ele onde estiver.

  8. Como estas coisas marcam a gente. Hoje 20 de Março de 2013 eu ouvia a JP e como entramos no verão, fiquei imaginando como estaria o tempo em Paris, fim de inverno, temperatura ainda baixa, chuvoso, um tempo ridículo como diria o Reali. Como era bom ouvir este cara nas manhâs paulistanas. Único jornalista estrangerio que viajou no avião do presidente da França. Só podia ser gente boa.

  9. Assim como Vc, também cresci ouvindo Reali Jr. na Radio Jovem Pan, com meu também Saudoso Pai, inclusive o radinho dele fica na minha estante. E continuo ouvindo a JP, hoje via Smartphone, mas sempre lembrando das “Margens do Sena” …

  10. Tirei ano passado uma foto neste local, justamente por causa desse bordão que ficou a anos na memória e em Paris quis ver onde ficava essa tal de Maison da La Radio

  11. Nossa, um post feito a 8 anos, vim ver agora….e parece que eu é que estou escrevendo. Apenas a diferença é que a imagem que eu tinha do Reali era dele todo agasalhado, com um microfone nas mãos, às margens do Rio Sena….Que saudade…quanta saudade não só dele, mas de grandes jornalistas com total credibilidade da época

  12. Bom dia, a modernidade tem sempre dois lados…

    E para mim, o novo modelo da JP perdeu muito da essência, especialmente na mudança de rádio (foco no auditivo) para o televisivo, ficou pior para quem ainda gosta de “escutar as notícias”.

    E esse bordão do Real, junto com o Vambora, certamente marcou a vida de muitas pessoas e trazem boas memórias…

    Obrigado por compartilhar!

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